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Redes Sociais: espaço de identidade e expressão?

  • Foto do escritor: Horácio Amici
    Horácio Amici
  • 26 de mai. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 14 de jun. de 2020

O quanto de expressão da nossa identidade cabe, de fato, nas redes sociais? Redes sociais são espaços de expressão do quê? São espaços de ‘desexpressão’ de que outras partes de nós? Jacob Levy Moreno foi um médico romeno que criou o Psicodrama: uma proposta de psicoterapia em grupo baseada em representações dramáticas improvisadas. De forma simplificada, o autor propõe uma terapia que investiga e põe em cena, no setting terapêutico, os vários papéis sociais que desempenhamos. ▫️ Moreno embasa essa prática, dentre vários conceitos, justamente na Teoria dos Papéis: o que esse autor defende é que a nossa identidade, longe de ser algo uno e cristalizado, se constitui de forma múltipla e aberta. Ao invés de ‘indivíduo’, seríamos uma somatória infindável de papéis que, a cada relação que estabelecemos, vamos construindo e sustentando. Tendemos sempre a acreditar que somos um: um sujeito uno que pensa, que ama, que consome, que sofre, tudo de forma única e previsível. Mas a vida, que está para além de tudo isso, se mostra sempre de forma multifacetada e incompreensível - ‘incompreensível’ se entendermos por compreensão aquilo que precisa sempre estar encerrado em si mesmo: há sempre algo de nós que escapa, que transborda para além de si mesmo. As redes sociais, por mais que sejam um espaço aberto e potente de expressão de si, penso, acabam sendo quase que uma armadilha: crio um discurso único sobre mim mesmo, uma imagem única de mim que possa ser acessada - e amada e curtida - pelo maior número de pessoas possível. Como se só coubesse um único de nossos papéis nessas plataformas: e temos que escolher sempre aquele que é mais palatável para o outro - um outro que é, inevitavelmente, todo mundo. Se, nas múltiplas relações que estabeleço, sou de alguma forma um outro, como as redes sociais poderiam dar vazão a tudo o que somos? Sinto, muitas vezes, que nos tornamos quase que empreendedores de nós mesmo: para que uma boa imagem de nós mesmos possa ser construída e sustentada, muito do que somos não pode ter espaço, não pode aparecer e ter vida.

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