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Sobre o melhor que já existe em nós

  • Foto do escritor: Horácio Amici
    Horácio Amici
  • 14 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

Estamos sempre em busca de nos tornar pessoas melhores: arranjar um emprego em que ganhemos mais, modificar algo relacionado a nossa aparência, aprender um novo idioma, ler mais, fazer mais exercício físico, ter mais e mais experiências enriquecedoras e incríveis.


Como se devêssemos algo a alguém - a nós mesmos? A uma lógica fora de nós que parece quase nossa? - seguimos buscando recriar a nós mesmo a cada instante, transfigurar a nós mesmos para finalmente caber - onde? De que forma? Para qué?


Que possamos olhar para nós mesmos - nos olhar de perto, olho no olho - para exigir que nossas únicas mudanças sejam mudanças das coisas que verdadeiramente vivemos, mas que ainda não reconhecemos como nossas.


Olhamos muito para o que não somos - e ao que acreditamos que podemos ser - esquecendo quase que esse eu que se projeta tão lá na frente também é um ‘eu’ que merece ser acolhido, aceito. Vivido.


Melhorar tudo o que somos não seria uma espécie de negação de nós mesmos? Aceitar a nós mesmos - no que pode ser visto como ‘pouco’, como ‘inapropriado’, como ‘fraqueza’ - talvez seja a transgressão mais bonita que possamos exercer - rompimento para que algo verdadeiramente nosso possa aparecer.


Que possamos acolher as coisas difíceis que nos acontecem, não como algo que tem que ser negado e ‘melhorado’, mas como algo intimamente nosso: algo que deve ser verdadeiramente olhado e vivido. Parte da nossa história, caminho através do qual nos construímos.


Talvez queiramos justamente algo para além de nós mesmos por desconhecermos aquilo que já somos. Talvez quanto mais nos aproximarmos de nós mesmos, mais carinho teremos por aquilo que nós (já) somos.


E se o que há de melhor em nós já está em nós mesmos - dentro, escondido? Sutil e imperceptível?

 
 
 

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