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TDAH em tempos líquidos

  • Foto do escritor: Horácio Amici
    Horácio Amici
  • 14 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura


1) Você comete erros por descuido na escola ou no trabalho?


2) Começa tarefas, mas rapidamente perde o foco?


3) Administra mal o tempo, não conseguindo cumprir prazos?


4) Refuta em escrever trabalhos escolares ou relatórios de trabalho?


5)Perde objetos como, materiais escolares, lápis, livros, ferramentas, carteiras?


6)Esquece de fazer tarefas escolares, retornar chamadas telefônicas?


Essas 6 situações são alguns dos critérios descritos no DSM que são importantes

de serem observados quando se está avaliando um possível diagnóstico de TDAH.


O DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais) é um sistema de classificação que descreve questões de saúde mental e foi desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria. Nele, são elencados vários critérios que caracterizam os diagnósticos usados pelos profissionais de saúde.


Segundo o DSM, os sintomas devem persistir por pelo menos seis meses, em um grau que é inconsistente com o nível de desenvolvimento, e deve ter um impacto negativo diretamente sobre as atividades sociais e acadêmicas ou profissionais.


Para se pensar os diagnósticos contemporaneamente de forma ampla, parece ser necessário levar em consideração, também, análises sociais e históricas que podem se mostrar importantes.


Zygmunt Bauman foi um sociólogo e filósofo polonês que ficou conhecido por popularizar o conceito de ‘modernidade líquida’: um tempo em que toda a fixidez e todos os referenciais morais da época anterior (modernidade sólida) acabaram por perder espaço.


Sem referências externas e em uma sociedade onde tudo é permitido (ao menos em teoria), os indivíduos têm que construir sua identidade a partir da sua experiência pessoal. Isso gera a angústia e o desconforto, em que o indivíduo sente que tem a responsabilidade total dos seus atos.


Tudo se mostra como possibilidade, os padrões sociais são vistos como mais possíveis de serem atingidos. Poderíamos sempre fazer mais, de forma mais eficiente, poderíamos, inclusive, relaxar mais, aproveitar mais e mais a vida e o que ela poderia nos oferecer. Ficamos paralisados frente a todas as possibilidades que aparentemente podemos acessar.


Nesse contexto, em que o mundo todo parece se abrir para nós, a todo instante, como poderíamos então dedicar nossa atenção para apenas um objeto? Como nos colocar frente a tudo que se apresenta e eleger um único foco?


Qual o sentido do diagnóstico de TDAH contemporaneamente? Quais as possibilidades dos indivíduos que já nasceram nesse contexto (modernidade líquida) e que se constituíram enquanto sujeitos só tendo a ela como referência?


Talvez estejamos exigindo dos sujeitos individualmente algo que socialmente não tem possibilidade de se apresentar: seguimos perfeitamente a lógica apontada por Bauman.


 
 
 

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